"Viver é lidar com as adversidades", disse minha avó, olhando plenamente pra mim. Nós estávamos na piscina da casa da minha madrinha em Maringá (PR), apenas brisando com vista pra um sol se pondo, no dia 26 de dezembro. Assim que sinto esse ano que passou. Pode ir, 2013. Já deu de você. Não te quero mais.
Essa não é mais uma postagem reflexiva de um ano novo muito l0k0. É um batuque dentro do peito avisando: as adversidades, elas nunca cessam. Viver é isso. Encarar o ~rolê~ é isso. E até quando a gente vai ficar mandando recado e indireta pra si mesmo e o mundo falando "vamos guardar as coisas boas e filtrar as ruins para o ano que vem"? filtrar é o caramba, filho. Porque sem as adversidades, nós não seríamos nada.
Eu terminei esse ano com muito mais dúvidas do que comecei e com um aprendizado muito maior também. Em janeiro eu decidi embarcar numa trip louca chamada "virar repórter". Minha rotina mudou e em pouco tempo eu já me sentia 100% adaptada à essa vida de descobrir a cultura nos mais escuros becos de um estado vidrado em sertanejo. Eu apenas quero dar voz aos outros, é minha obrigação. E isso vai continuar em 2014, mesmo quando desanima, mesmo na hora dos jabás, mesmo nos momentos que a fonte não te atende e você não entende nada do que seu editor tá dizendo. Vambora.
Em março, eu tive um dos momentos de felicidade mais pura que tive em 2013. E é preciso dizer que essa pureza de sentimentos foi rara. Na verdade aquele momento foi o principal. Meu aniversário no show do Queens of the Stone Age, em São Paulo, no Lollapalooza. O sentimento transbordou em mim naquela plateia, e eu era aquela música tocando, eu era "Hangin Tree", "Round the hangin tree / Swaying in the breeze / In the summer sun / As we two are one / Swaying". Eu queria que 2013 tivesse sido um loop daquele instante.
Em 2013 vários amigos muito queridos mudaram daqui. Outros voltaram. E agora no finzinho do ano eu conheci duas menines que vão ficar no meu coraçãozinho, e uma delas me tatuou. Eu queria, de algum jeito, marcar na pele esse sentimento ansioso que eu guardo e que fica pulsando e explodindo no meu peito o tempo todo. Explode quando tomo decisões sobre a minha vida, explode quando eu me sinto sozinha, quando escrevo. E tive a honra de ser tatuada por uma delas, que traduziu esse sentimento com sua mão leve e seu riso maravilhoso enquanto marcava a frase escolhida, do Lou Reed, pra que eu nunca esquecesse do que é necessário: dê uma volta no lado selvagem da vida. Coloque mais pimenta. Mais riso, mais choro, mais tudo.
Só tem uma coisinha que me deixou triste no final do semestre: a escrita que eu deixei de lado. Deixei o blog de lado por motivos de tempo, de correria, de exaustão. Mas em contrapartida colaborei com as meninas no Universo Desconstruído, que eu sinto orgulho de ter participado. E espero colaborar de novo em 2014. Então, pro ano que vem, não quero nada além, nenhuma frase feita. Só quero ter forças pra escrever mais e melhor. Mais visceralidade, mais verdade, sempre sangrando e nunca, nunca me conformando com as letras que vejo superficialmente. Vou sangrar muito e quero tudo isso por escrito. "Take a walk on the wild side".