Hoje acordei com essa sensação. De que não importa se você salta da ponta do penhasco, ou da beirada do oceano, ou da última nuvem antes do purgatório: do chão não passa.
Eu sou só uma menina que não chegou a três décadas de vivência, então o que eu sei, não é mesmo?
Eu não sei de nada. Nada mesmo.
O que eu sei é que os anos foram passando e eu fui ficando mais calejada, de várias situações. A primeira vez que eu lidei com uma traição, uma separação brusca, meu deus. Eu achei que eu ia morrer.
Acho que eu morri um pouco. Depois a gente ressuscita, e segue o jogo.
Mas eu realmente achei que ia morrer, e digo fisicamente mesmo. Achei que meus sentidos iam explodir, ou pelo menos implodir. Um prédio condenado ruía dentro de mim. Nossa, como doeu. Doeu demais. Deixei um pouco daquela menina alegre e inocente por lá.
Na segunda vez, olha, foi tão foda quanto a primeira. Mas nada nem se compara à última.
Mas dessa vez, nem senti vontade de morrer não. Eu só queria engolir em seco, cuspir cacos de vidro, e seguir em frente.
Do chão eu não passei. Realmente.
Não importa o que aconteça, e quantas vezes as pessoas te decepcionem profundamente na sua cara; você sacode a poeira, as lágrimas partidas, e segue em frente. Talvez dê passos mais lentos. Talvez decida percorrer o trecho sozinha. Mas só segue, somente isso. Sacode a poeira, passa um batom vermelho, sorri um pouco mais quebrado, e segue em frente.
Afinal, do chão você não passou. Só levanta e anda.