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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Florbela fala comigo

Há algum tempo tenho estado quieta no meu canto. Sem sair por aí, sem me estressar. Contida na casquinha.

O ócio me pega pelo pé e traz junto o mau humor, então como uma forma de estratégia voltei a ler várias coisas pelas quais sou apaixonada faz tempo, como Sandman. Tenho dedicado tempo à redescoberta.

Aos 16 anos, eu gostava muito das poesias de Florbela Espanca, pela visceralidade, o tom de urgência, esse pulsar de palavras. Eu sempre fui urgente, assim, também. Pressa, ansiedade, pluralidade de sentimentos e reações. 

A portuguesa que morreu cedo, aos 36 anos, teve uma vida intensa e conturbada. Assim são os poemas dela: quando falam de amor, é forte, delirante, intenso, cheio de paixão. E quando falam de perda, de tristeza, é na mesma intensidade dolorosa e causticante.

Se é pra ser, que seja assim, cheio de vida. Que haja dor, sentimentos, furor. Que haja tudo.

"...Digo os anseios, os sonhos, os desejos 
Donde a tua alma, tonta de vitória, 
Levanta ao céu a torre dos meus beijos! 

E os meus gritos de amor, cruzando o espaço, 
Sobre os brocados fúlgidos da glória, 
São astros que me tombam do regaço!". 

PS: Me lembro sempre da minha nega Re, quando lembro de Florbela.

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