Eu ando míope. Ando não, na verdade sempre fui. Usei óculos em 2005, no segundo ano do ensino médio, porque sentava no fundo da sala. Quando meu óculos quebrou, não comprei outro, e logo abandonei por causa do grau tão baixo.
Eu ando míope, mas não só meus olhos não enxergam as placas de sinalização na rua com dificuldade de reconhecer letras muito pequenas. Também não consigo focalizar nem enxergar nada no que diz respeito ao meu futuro.
Todo mundo passa por isso, em algum momento da vida. Devo dizer que é a primeira vez pra mim. Do ensino médio à faculdade, e depois ao mercado, foi um caminho reto. Nunca tive dúvidas em relação a escrever - ao jornalismo tudo bem, mas eu teria feito qualquer outro curso que me desse o que eu buscava, que era aprimorar uma coisa que eu já amava fazer, e arrumar um jeito de fazer dinheiro com isso. E nesse momento, eu contava com uma 'pessoa', em quem depositei sentimentos, sonhos, vontades, por longos oito anos.
E eu estava lá, pensando que meus objetivos iam se cumprir da maneira que eu esperava e eu ia ter tudo que eu precisava nas mãos. Ledo engano. Começou com o fim do relacionamento, por esse exato motivo: o futuro, o crescimento, nunca chegava, pelo menos por parte dele. Meu esforço estava sendo inócuo. É claro que ruiu.
Uma vez passada a sensação de pânico, e acostumada às sensações dessa solidão que eu não havia experimentado por tanto tempo, pensei: "eu ainda posso seguir sozinha". Mas hoje, nove meses depois, eu me vejo sem certeza nenhuma. Dead end, friend.
A gente tem as coisas na mão em um momento, e no outro não tem mais. Tem sido assim. Todo o amor que deposito sobre as coisas e as pessoas não tem vingado, não tem florescido. Como plantar uma semente e ela nunca nascer. Demorou oito anos pra alguma coisa ser arrancada assim de mim, então quando acontece tão rápido, como tem sido, eu não sei lidar. Não sei reagir. Não sei ser madura o tempo todo, não sei pensar em plano B. Eu preciso de tempo, e todo mundo me dá tempo. Mas a cobrança continua, dentro de mim mesma.
Esses dias me perguntaram: "O que você quer pro seu futuro?" e eu respondi um sonoro "não sei". Viajar? morar sozinha? adotar mais um gato? ter um emprego que possa me proporcionar prazer e crescimento? esses sonhos bastavam pra mim até ontem. Agora eles parecem longe de mim, porque eu não consigo atravessar os obstáculos de agora. Eu não consigo enxergar a estrada. O caminho do hoje, amanhã e depois. Até o futuro.
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