Ultimamente número 1: tenho medido minha confusão mental pela confusão dentro do meu quarto. Há alguns dias havia caos por toda parte, roupa acumulada por todo lado, livros um tanto empoeirados, cama bagunçada, lençol cheio de amassados. Eu entrava naquele antro quarto e a zona fazia total sentido, por incrível que pareça. As pessoas entravam e ficavam chocadas com tamanha bagunça, e eu não entendia o motivo. Não conscientemente.
Até Panzinha se perdeu na anarquia de livro, roupa, copos com conteúdo suspeito, tralhas infinitas.
Ontem resolvi arrumar, porque finalmente parou de fazer sentido. ("O que? de onde surgiu essa bagunça?", pensei com meus botões. "Brotou do nada, que coisa, não?!"). E resolvi inclusive tirar os ossos debaixo da cama, e simplesmente deixá-los ir, como todo o resto.
Não ficou bonito, não ficou totalmente asseado, grande parte da poeira estava inalcançável (adendo: lembrar de passar aspirador). Mas peguei as lembranças e coloquei categoricamente em um saco de lixo. Porque eu sou dessas, eu me livro do material físico de lembrar, se aquilo dói, sem o menor pudor. Levei seis meses pra jogar tudo fora, mas enfim, consegui. Não doeu, não machucou, mas incomodou bastante. Eu não queria mexer naquilo, mas percebi que precisava ser feito. Como arrancar band-aid. Como furar piercing. Um segundo e foi.
Ultimamente número 2: meus botõezinhos estão pensando bastante, nesses últimos dias. Eles estão me olhando com reprovação, dizendo que eu devo gostar de ter que começar tudo do zero, sempre. "Tá foda gata!", eles dizem. Me olham com aquela cara de "Eu avisei". Eles avisaram, a racionalidade mandou um bêjo. Mas não é assim que a gente funciona. Meus botões são meio ripongas, vivem falando de tranquilidade na vida. É por isso também que vou dando ouvidos à eles, tranquilidade pra lidar com as coisas que vão aparecendo. Vamos ver se consigo.
Diálogo no despojar dos restos mortais do relacionamento de sete anos:
Mãe: - Mas eita menina, vai jogar até esse urso fora? já não basta os outros 15 que você doou?
Eu: - É, vou. Sempre odiei urso de pelúcia, e mesmo assim, ganhei por anos a fio. A vida não é mesmo como a gente quer. E outra, ele tá todo ferrado, costura aberta. Precisa ir, não vou doar esse urso velho pra alguém.
Mãe: - Pensando bem, melhor mesmo. É o que tem pra hoje, né.
Eu: - Todas comemora, mãe. E pensa: menos ácaros no meu quarto.
Mãe: - Verdade!
Mães entendem (quase) sempre.
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